quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Acidente no metrô: 'Alguém descumpriu uma norma de segurança', diz diretor do CMTP

Diretor Metropolitano quer saber causas do acidente com metrô de Teresina  (Foto: Gilcilene Araújo/G1)Diretor Metropolitano quer saber causas do acidente com metrô de Teresina (Foto: Gilcilene Araújo/G1)
Antônio Sobral, diretor da Companhia Metropolitana de Transporte Público (CMPT), falou nesta quinta-feira (12) sobre o acidente envolvendo o metrô de Teresina que deixou duas pessoas mortas. A locomotiva colidiu com um trem de carga na Zona Sul de Teresina na tarde de quarta-feira (11). Para ele, normas de segurança foram descumpridas.
Conforme o diretor, é preciso descobrir o que levou o metrô a ter deixado o pátio onde estava estacionado enquanto o trem de serviço ainda trabalhava na linha. O trecho ferroviário onde ocorreu o acidente é compartilhado entre as empresas.
“O metrô não se antecipou ao horário que havia sido combinado para voltar a operar. Estava programado que o metrô parasse às 9h e só voltasse após as 16h. O veículo saiu às 16h10 da oficina, que fica perto do terminal de petróleo. Alguém deve ter descumprido uma norma de segurança e é isso que vamos investigar, pois ele só podia deixar o local com autorização, com a chegada do trem ao local ou em outro desvio”, disse Antônio Sobral.
Representantes da Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) e CMTP se reuniram na manhã desta quinta-feira e formaram uma comissão que irá investigar as causas do acidente.
Acidende entre metrô e trem em Teresina (Foto: Ellyo Teixeira/G1)Acidende entre metrô e trem em Teresina (Foto: Ellyo Teixeira/G1)
“Vamos ouvir o relato das pessoas envolvidas no momento do acidente. Além disso, na manhã desta quinta-feira foi realizada uma perícia no local do acidente e nos veículos. Depois destes procedimentos teremos condições de afirmar de onde partiu as falhas que provocaram essa tragédia”, afirmou o diretor da Companhia Metropolitana Antônio Sobral.
'Falta de comunicação'
Aristel Araújo Brito, 23 anos, filho do maquinista Gilvan Soares de Brito, morto na colisão entre o metrô de Teresina e um trem de carga na quarta (11) acredita que houve falha na comunicação. Ao saber do acidente pela internet, o jovem foi até o local e conseguiu conversar com o único sobrevivente, um técnico que conseguiu pular da locomotiva antes da colisão.
Gilvan Brito trabalhava há 25 anos como maquinista da CMTP (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)Gilvan Brito trabalhava há 25 anos como maquinista
da CMTP (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
"O Anderson [técnico que sobreviveu] me contou que eles saíram da garagem por volta das 16h e fariam a primeira viagem do dia em direção ao Centro de Teresina. Ao cruzarem a passagem de nível da Avenida Higino Cunha, se depararam com o trem da Transnordestina parado e que este não deveria estar ali. Perguntei se houve falha na comunicação, mas ele não conseguiu me confirmar porque estava sentindo muitas dores. Mas eu acredito que houve falha", relatou.
Gilvan Soares tinha 59 anos e trabalhava na CMTP há 25 anos. Segundo o filho, o pai já estava preparando a documentação para dar entrada na aposentadoria até o final deste ano. Gilvan era casado e deixa quatro filhos, dois deles menores. O velório acontece na manhã desta quinta-feira (12) na cidade de Amarante e o enterro está previsto para 17h.
A outra vítima do acidente é o auxiliar de maquinista da Transnordestina Logística, Gilvan Camelo da Silva. O corpo dele está sendo velado em Teresina e será enterrado em Codó, no Maranhão.
Causas do acidente
Em nota ao G1, a Ferrovia Transnordestina Logística (FTL), afirmou que a Companhia Metropolitana de Transportes Públicos (CMTP) teria descumprido um procedimento operacional e provocado o acidente entre o metrô de Teresina e o trem de carga.
Acidende entre metrô e trem na Zona Sul de Teresina (Foto: Magno Bomfim/TV Clube)Colisão envolvendo as duas locomotivas deixou dois mortos (Foto: Magno Bomfim/TV Clube)
“As primeiras investigações indicam descumprimento do procedimento operacional pelo Metrô de Teresina, que teria avançado uma SB (seção de bloqueio) sem permissão. O trecho ferroviário onde ocorreu o acidente é compartilhado entre as empresas”, diz trecho da nota. Ainda de acordo com a empresa, SB é quando um trecho fica bloqueado para determinado fim, sendo que fica proibido o uso daquela área para outra atividade.
Corpos das duas vítimas do acidente entre metrô e trem em Teresina  (Foto: Ellyo Teixeira/G1)Corpos das duas vítimas foram retirados das ferragens
pelos bombeiros(Foto: Ellyo Teixeira/G1)
Também por meio de nota, o governo do Piauí, a quem a CMTP pertence, informou que a viagem do metrô estava prevista. “O trem de passageiro circulou até 9h da manhã e foi recolhido para garagem, pois a Transnordestina iria fazer serviços na linha, como distribuição de brita".
Antônio Sobral, diretor-presidente da CMTP, afirmou que todas as comunicações realizadas no metrô são gravadas e que esse material será resgatado para que ajude nas investigações que apuram as causas do acidente. A comissão de investigação da companhia tem 30 dias para analisar as comunicações e divulgar laudo oficial sobre as causas do acidente.
Acidentes na linha férrea
No dia 2 de setembro, um acidente envolvendo um ônibus coletivo e o metrô deixou três pessoas feridas no cruzamento das avenidas Rui Barbosa e Miguel Rosa, na Zona Norte de Teresina, que fica próximo ao Cemitério São José.
Em abril deste ano, um motociclista teve o braço esquerdo esmagado ao ser atropelado pelo metrô de Teresina quando trafegava por uma passagem de nível na Rua Amélia Rodrigues, bairro Renascença, Zona Sudeste da capital. Testemunhas relataram que o jovem não percebeu a aproximação do metrô ao passar pelo local.
G1

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